terça-feira, 30 de março de 2010

.O Tempo.

Hoje acordei com vontade de escrever sobre a chuva. Mas passado um tempo surgiu o sol.
Poderia escrever sobre o sol, mas ele não precisa de textos com contextos, ele é ele e ponto.
Do que então eu falaria? Da música, do tempo, do ar.. Falaria do dia a dia, das surpresas, das mudanças..
Não sei, escrevo o que vem à cabeça, com lógica ou sem, criatividade zero!

Só sei que escrevendo se escreve, e assim vai surgindo mais uma crônica, mais uma batida, mais um ritmo. Um ritmo de música? não, um ritmo da vida.
As pausas nos fazem respirar, nos fazem pensar e repensar. Apagar? Não, nada se apaga, não existe uma borracha tamanho econômico. Só existe atitudes, ações, atos. E o pensamento, onde andará? Ele viaja, viaja com a letra da música que escuto, e está aqui. Inteiramente ou pela metade, mas está. Dividindo-se em mil, meu pensamento faz minha vida, e minha vida constrói meus pensamentos.

Cada dia é diferente do anterior, mas é igual. é igual na sua essência, nas suas virtudes, nas suas certezas.
Assim se vive a vida, e essa sou eu hoje.
Afinal do que eu falei? Me repeti e não disse nada?! talvez.. o que eu queria dizer eu não sei, mas disse. Disse a alguém, a mim, a você, a ninguém. Disse e está dito, não mais escreverei sobre o dito. O dito é passado e vivo o presente. Já vivi o passado, já chorei, já senti saudades. Hoje aprendi que o que vale é o presente e este nos é dado para que possamos aproveitar cada momento, até que ele vire um passado.

O presente existe? Não. Porque o presente que falo agora, já é passado, e o próximo presente ainda é futuro, e quando passa a presente tão logo vai para o passado. E o tempo passa. E nos passamos, nos vivemos. De passado? Mas quem vive de passado não é museu? Não, quem vive do passado é porque tem um motivo para vivê-lo, é porque faz do passado um ainda presente.

Só sei que vivo, uma mistura. Minha mente vive, ela viaja e com ela eu estou feliz.
E se não houvesse o tempo?! estaríamos estagnados num momento? no 'agora'? Não, quero tempestiar, vagar, agoratizar. Quero fazer de mim os momentos, quero fazer dos momentos um 'agora' especial. Quero lembrar, e poder relembrar. Quero viver.

É assim que se vive?

segunda-feira, 29 de março de 2010

.O teatro nosso de cada Dia.

A cada dia inventamos um novo personagem, não um fictício, mas um que existe dentro de nós.
E para ele, damos nosso suor, nossas angústias, nossas dúvidas.
Nele depositamos a esperança de cada dia, a força que precisamos e o brilho que está em nós.

Mas quem somos nós? Meros personagens?
Não, somos muitos, dentro de um só, somos dezenas, centenas, milhares..
E como escolher a máscara do dia? Como escolher a carapuça que nos serve?
Não escolhemos, apenas fazemos, e de nossos feitos, surge um personagem.

Um personagem que não é igual ao de ontem, e que não será igual ao de amanhã.
Um personagem que nem mesmo sabe que o é.
E ele vive. Vive sua peça. Encena, dramatiza.
Como ser único, enfatiza cada minuto de sua existência, e luta, e chora, e ama.
Mas no final do dia, o que será deste personagem?
No final do dia ele será aplaudido de pé? ou vaiado pelo público?
No final do dia estará ele satisfeito com sua encenação?
Afinal, ele é um personagem ou ele é 'eu'? E eu, sou ele?

Dramatizo a comédia, e faço do drama a comédia da vida, porque é assim que se vive.
E não mais que ontem, hoje sou eu. E amanhã também.
E não mais serei aquele personagem. Meu personagem não usa máscaras, tem a cara limpa.
Abusa, usa, ousa. E assim ele aprende. E me ensina. E com ele formo novas convicções.
Novos persongens talvez. Mas se acabei de dizer que personagem não serei mais.. estou me contradizendo?
Não, porque hoje sou apenas um personagem que resolveu não o ser.
Mas amanhã outro personagem virá, e este viverá. Viverá cada instante, sem saber que um dia fui eu. E sem saber que eu sou ele. E assim ele o fará, e ao final do dia, a cortina se fechará. E ele, voltará a ser nada mais que eu. Um eu sem ele, vivendo o teatro nosso de cada dia.